quinta-feira, 30 de abril de 2015

Minha versão do formigueiro e a autoestrada

OBS: se você não conhece o paradoxo de Fermi ou a metáfora do formigueiro e da autoestrada, talvez seja melhor ler o PS no fim do texto primeiro.

Agora a pouco estava no banho e vi um bicho na beira da toalha. Olhei de perto e deixei pra lá, era só um louva-deus, ou coisa que o valha. Se fosse um maldito pernilongo gigante ou uma daquelas coisas que nem falo o nome de tão nojentas (eu mato, mas acho nojento) eu me preocuparia. Mas o cara tava na dele lá, louvando Papai Noel ou coisa parecida. Continuei me ensaboando.

Eis que, eis que quando começo o ciclo de enxague, o louva-duende começa a voar pelo box. Sai fora, meu. Tô num momento privado aqui e não tenho nada contra você. Mas ele pousa no canto e depois decola de novo e fica circulando cada vez mais perto de mim.



Parênteses. Eu gosto de atacar insetos no banho. Outro dia travei uma batalha feroz com um besouro atracado na base da janela. Foi mais um bombardeio do que uma batalha, pois atirei meu suprimento infinito de água e espuma naquele infeliz que custou pra afundar no chão molhado. Meus braços estavam até se cansando de tanto tiro. Fecha.

Já o louva-homeopatia é um ser simpático. Eu até pensei se não estava confundindo ele com uma esperança, que seria verde, mas lembrei que também não acredito nisso. Aí comecei a viajar na idéia do ataque, de que nesse caso só estaria me defendendo. Eu não queria atirar, só criar um campo de força pra ele não invadir minha limpeza. Nisso, ele aterrissa bem do lado do meu pé direito. Porra, sério?

Eu falei com ele: "Voa daí, seu Louva. Tô tirando o sabão das coisas e vai ficar caindo água em você e não vai ser legal." Mas ele só ficou lá, me olhando. Acho até que tentou se aproximar. Aí eu me toquei. Será que ele tá curioso? Ele quer me conhecer, saber que porra sou eu?

A água foi caindo (eu avisei) e ele foi se espatifando, se debatendo, as asas se abrindo pregadas no chão como que coladas pelo líquido ensaboado. Será que ele tem família? PUTZ! Será que ele é um astronauta?? Vai que ele saiu do "planeta" dele numa missão como que pra Marte, demorou uma infinidade de tempo pra chegar no meu banheiro, fez um pouso perfeito apesar das condições adversas com os vapores estranhos, a humidade e aquela entrada basculante com um campo de força invisível na parte central, analisou o ambiente de cima da toalha e partiu pro contato. Caralho. Pensa.

Terminada a minha missão ali, fiquei pensando nessa relação do louva-olivia-wild comigo e dos humanos com os ETs. Eu não sou mau. Eu só me defendi e ignorei um ser que não me afeta. Eu até pensei em colocá-lo pra secar na janela, pra que ele pudesse voltar pra família e descrever esse encontro magnífico com um ser majestoso e magnânimo para todo o seu povo. Mas acho que não acredito que ele louve alguma coisa mesmo, então deixei ele lá. E já pensou se eles mandam mais missões pra saber mais do nosso "mundo" ou até mesmo coloniza-lo porque eles estão destruindo o deles?

Foi melhor assim. Eles já são uma praga em alguns lugares, então apesar de não os entendermos, podemos aprender algo com eles (meio ecochato mas é verdade). Também não quero nenhum louva-mim.

Post scriptums:

Olha que medo! Logo depois que escrevi esse texto, vi esse vídeo de um cara matando um louva-rick-grames que tava dominado por uma larva:


Tem um gif disso aqui.

Leia aqui a entrada sobre o paradoxo de Fermi na Wikipédia, em inglês, muito interessante.

Michio Kaku sobre o paradoxo de Fermi (a metáfora do formigueiro e a autoestrada, em inglês):

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